Marketplaces: Descubra o que é, como funciona e exemplos

Marketplace, market place, e-marketplace ou marketing place é – em tradução direta do inglês – um local onde vendedores se concentram para disponibilizar seus produtos a potenciais consumidores. Um supermercado, por exemplo, é um marketplace em seu conceito mais básico.

Com a evolução da internet, o aumento da capilaridade na conexão à rede mundial de computadores e o crescimento do comércio eletrônico, esses termos viraram sinônimos de ambientes virtuais de compra. Um “shopping center” digital, onde lojas virtuais anunciam itens e serviços.

Graças à comodidade que oferecem no momento da compra, os marketplaces caíram nas graças do consumidor e há grandes players no mercado brasileiro. Mercado Livre, Magazine Luiza, Amazon, Submarino, Dafiti, Netshoes, Privalia, Leroy Merlin, Americanas e Casas Bahia estão entre os 17 marketplaces que concentram 85% das compras online no Brasil (dados da SEMrush).


Marketplace não é o mesmo que e-commerce

É comum haver uma certa confusão entre estes dois termos. De uma maneira bem simplificada, o e-commerce é uma loja online tradicional que vende seus produtos, coordenando a compra dos itens, estoque próprio e entrega. Um exemplo é o site da Azul Linhas Aéreas, que vende somente passagens aéreas da própria companhia.

O marketplace, por outro lado, comercializa produtos e serviços de várias lojas ou empreendedores, sem qualquer tipo de estocagem ou participação direta na prestação do serviço.

O Decolar é um exemplo de marketplace no segmento de viagens, disponibilizando ao consumidor passagens aéreas de diversas operadoras de transporte aéreo e outras facilidades. Entre elas: contratação de transfer, compra de ingressos, hospedagem e pacotes de experiências.

Muitas empresas começaram como e-commerces e hoje, atuam como marketplaces. Marcas já citadas como Americanas, Magazine Luiza e Submarino passaram a disponibilizar suas estruturas já consolidadas para que pequenos empreendedores pudessem realizar suas vendas, mas ainda possuem estoque próprio.


Tipos de marketplace

Existem marketplaces para as diversas relações de consumo. É possível encontrar modelos de negócio que interligam empresas (B2B), empresas e empregados (B2E), empreendimentos e o governo (B2G) e, ainda, consumidor a outros consumidores (C2C), como o Enjoei e OLX. O mais conhecido é do tipo B2C, ou Business to Consumer, operado entre consumidor final e varejista, distribuidor, fabricante ou prestador de serviço.

Veja alguns exemplos de marketplace:

● Marketplace de aluguel e imóveis

O Airbnb conecta viajantes a opções diferenciadas de hospedagem, cobrando comissão por transação. Intermediando relações entre consumidores, a startup se baseou no conceito de economia compartilhada para se tornar o maior marketplace de aluguel no mundo.
Com atuação restrita a São Paulo, o QuintoAndar aproxima locatários a proprietários de imóveis. A empresa desburocratiza toda a experiência de locação e tornando-a 100% online.

● Marketplace de agendamento em nicho

O marketplace de agendamento em nicho também tem crescido bastante, pois possibilita a profissionais como médicos, diaristas, cabeleireiros e até professores um contato direto com seu público. Exemplos: Doctoralia, que reúne profissionais de saúde; SuperProf, voltado para educação; e Singu, com delivery de serviços de saúde e bem-estar. Todos são B2C.

● Marketplace de aplicativos

Apple Store e Google Play são marketplaces. Em vez de ocupar suas equipes com a produção de inúmeros aplicativos, abre espaço para que desenvolvedores de todo o mundo disponibilizem seus softwares aos usuários dos sistemas operacionais.

● Marketplace de serviços

Uma das modalidades que mais tem crescido é a de serviços. Uber, por exemplo, conecta motoristas a passageiros. Já o iFood, gigante brasileira, aproxima pequenas empresas de gastronomia aos consumidores.



Modelos de receita de marketplaces

Dependendo do estilo do marketplace, o “lojista virtual” que integra a plataforma tem diversas opções de pagamento pelo uso do espaço.

A comissão por transação realizada é bem comum em apps de entrega, além de Uber e Airbnb. Parte do valor de uma venda, seja de produto ou serviço, é direcionada ao dono do marketplace – que mantém a estrutura administrativa, tecnológica, jurídica, financeira e de marketing do comércio digital.

Há, ainda, a possibilidade de pagar uma mensalidade. Este modelo de negócio é bastante comum em marketplaces com listagens de profissionais, como o Doctoralia e Catálogo Med, que conectam médicos e pacientes.
Outra possibilidade é pagar pelos potenciais clientes como um pacote de créditos, como no caso de plataformas de trabalho freelancer.


Marketplaces de serviços em alimentação — um nicho em crescimento e transformação

Nos marketplaces de alimentação, o consumidor navega por cardápios de bares, restaurantes ou prateleiras virtuais, escolhe os produtos e os recebe em sua casa, no prazo estabelecido pelo negócio. O pagamento pode ser feito pessoalmente ou no próprio app, via cartão de crédito.

Tamanha comodidade na prestação de serviços gerou uma forte mudança na sociedade. Segundo pesquisa do Instituto QualiBest, a quantidade de pessoas que não tinha um aplicativo de entrega instalado no celular caiu de 54% em 2018 para 28% em 2020. Ao longo deste período, o tipo de marketplace que mais cresceu foi o de pedidos de refeição: 26%.

A pandemia catapultou esse crescimento. De acordo com a Food Consulting, a demanda dos consumidores por serviços de entrega cresceu cerca de 250% no período de pandemia.

Entregador de Delivery com mochila térmica

Quem lidera o crescimento deste mercado é o iFood, considerada maior foodtech da América Latina e responsável pela entrega de 40 milhões de pedidos por mês. Aquecido, o setor tem ganhado novos players — como os negócios voltados exclusivamente para cidades de pequeno a médio porte.

Um exemplo destes apps em pleno crescimento é o pede.ai. Fundada em Petrolina (PE), a plataforma de delivery é, hoje, a que mais cresce na região Norte-Nordeste; presente em mais de 160 cidades com até 150 mil habitantes. A média é de 60 lojas e restaurantes cadastrados por município.

Em seu projeto de expansão, a empresa tornou-se um delivery “de tudo” — passando a cadastrar estabelecimentos como farmácias, mercados e distribuidoras de alimentos e bebidas. Também optou por atuar com modelo de licenciamento, em que um investidor pode começar uma operação local com baixo investimento, baixo risco e estrutura enxuta.

O licenciado trabalha com delivery na própria casa, sem comprar matéria prima ou contratar funcionários. Os principais investimentos são de tempo, dedicados à visitar clientes para captação ou treinamento, bem como em marketing local. Tudo realizado com suporte do marketplace.

O sucesso do aplicativo traz benefícios que impactam toda a economia da cidade. Restaurantes, por exemplo, ganham um novo canal de venda e ampliam seus negócios. Os consumidores locais, por sua vez, são presenteados com um app agradável, seguro e cômodo para suas compras diárias.

Além disso, abrem-se novas oportunidades para profissionais que trabalham com entregas; e o investidor pode ampliar sua atividade para outros mercados.


Marketplace: um mercado em expansão

Em 2020, as vendas em marketplaces representaram 78% do faturamento do e-commerce no Brasil, de acordo com o relatório Webshoppers 42. O levantamento realizado pela Ebit/Nielsen, aponta que, em comparação com o mesmo período do ano passado, houve um aumento de 56% nas vendas e que o setor movimentou R$ 30 bilhões.

Especialistas no mercado apontam que a pandemia do COVID-19 impulsionou a adoção digital e tornou reais tendências previstas somente para 2030. No segmento de alimentos, por exemplo, a adoção por parte de supermercados e pequenos estabelecimentos surpreendeu até os futuristas mais otimistas e atinge também as pequenas e médias cidades. Porém um dos desafios que ainda precisam ser superados é a logística: com uma boa experiência de compra, as transações tendem a aumentar ainda mais.